Muitos me perguntam como é que eu comecei a optar por ter cães de raça se fui criada a pensar que cães não se compram quando há tantos abandonados.
Bem … a minha vida deu uma volta de 180º quando me divorciei.
Nessa altura tinha as minhas rafeirinhas, a Roxy e a Sininho, que por respeito as ideias do meu marido e sua família, eram mantidas no quintal sem acesso a casa. Devo dizer que esta foi a 1º politica que, com grande satisfação, aboli quando me divorciei.
Um mês depois da minha separação comecei a notar que havia um Golden Retriever a rondar a rua onde vivia. Como o cão tinha peitoral, pensei naturalmente que teria dono, mas com alguma reticência pois não imaginava quem era tão irresponsável para deixar um Golden a vaguear sem supervisão nas ruas.
Um dia quando regressava do emprego e ia entrar em casa este Golden nos seguiu e entrou naturalmente atrás de nós, para grande constrangimento das minhas rafeirinhas.
Adverti o meu filho, na altura com 3 anos, que provavelmente era um cão perdido e tínhamos de encontrar os seus donos que teriam muitas saudades dele.
Peguei no telefone e liguei a clínicas veterinárias, lojas de animais e canis a ver se havia alguém que tinha perguntado por um Golden.
Uma das clínicas tinha realmente lá um poster e lá metemos o Golden no carro e fomos ver se era ele.
Não era ! Vimos se tinha CHIP e também não. Portanto passamos ao passo seguinte de fazer um checkup, o vacinar e deixar os nossos contactos.
Nesse momento tão complicado das nossas vidas, o Rufus, como o baptizamos, foi um bálsamo, pois a sua calma e paciência de cão com 7 anos, nos permitia ter um companheiro para sairmos, um motivo para passearmos e para o meu filho, um companheiro onde ele se deitava na barriga para falar, provavelmente de tudo o que lhe estava a acontecer na vida.
O Rufus era um daqueles cães especiais a quem confiávamos os nossos bens e nada era tocado, que levávamos a passear e ele andava placidamente ao nosso lado, que ia no carro deitado sossegadamente e obedecia naturalmente a todas as nossas indicações. Portanto um daqueles modelos de cão.
Só o cheiro do mar ainda no carro parecia que lhe tirava vários anos de cima e rejuvenescia para a sua idade de cachorro.
No fim, o Rufus, era tudo o que se esperava de um cão de família da raça Golden Retriever e conforme ia lendo sobre a raça mais apaixonada e agradada por ter este amigo me sentia.
Ao fim de 6 meses, na 1º vez que passava 15 dias sem o meu bebé, apareceram os donos do Rufus, que quase caídos não se sabe de onde, lá trouxeram fotos e suplicas para que lhe devolvesse o Golden. Com grande pesar lá aceitei e fiquei o resto da quinzena a chorar a ausência de dois dos meus meninos.
Quando o meu filho regressou tive de lhe dar a noticia e fiz a promessa que íamos arranjar um Rufus, desta vez nosso, que ninguém pudesse vir tirar.
A pobre criança apesar da promessa passava os dias a olhar para as varandas e para todos os cães da rua a procura do seu Rufus, muitas vezes alegando que aquele cão na varanda era o Rufus que tinham deixado sozinho.
Inocentemente fiz aquilo que muitas pessoas no fim fazem, recorri a Internet, verifiquei anúncios e aquele que dizia, descendente de excelentes linhagens, com exames efectuados e facilidades de pagamento, foi o que escolhi para telefonar.
Claro que pelo telefone teceram maravilhas da ninhada onde os cães eram magníficos, puros, com todos os documentos e se eu quisesse mais tarde até aptos para expôs. Marcou-se encontro para se poder ver os cachorros e lá fui eu mais o meu filho vermos as tais promessas.
Claro que a visão de 2 cachorros a correr com aquele ar de boneco de peluxe foi o suficiente para o meu filho não sair dali sem um no colo. E eu lá deixei o pagamento e sai com a promessa de papeis e comprovativos.
Assim veio o meu 1º cão de raça, o Brad.